quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Clever
A mulher acordou sobressaltada com o som da chave, a porta abriu e o viu entrar, ele não se surprendeu em encontrala ali.
-Oi Sharon, esboçou um sorriso enquanto sentava ao lado dela.
A mulher estreitou os olhos e perguntou entre os dentes:
-Onde você se se enfiou criatura?
-Estava jantando. Ele respondeu tentando parecer natural.
-Mentira! Vamos, me diga logo!
-Tá..eu estava vendo uma pessoa jantar.
-O que você estava fazendo enquanto a "pessoa" comia?
-Estava bebendo. Ele respondeu e soltou um longo suspiro cheio de culpa.
Ela o olhou quase furiosa, queria gritar, queria bater mas apenas suspirou cansada.
-Clever, pelo amor de Deus! Aqui não! Você precisa desse emprego..não era uma aluna...era?
-Sim, era...
-Porra Clever! Tanto que te pedi pra não dormir com as alunas! Você vai estragar tudo!
-Ei, ei, não dormi com ninguém, dei um rascunho pra ela ler e ela fez um desenho, saímos para jantar, ela me mostrou, foi só isso.
Ela o olhou fixamente procurando um traço de mentira mas ele falava sério e ela relaxou no sofá.
-Desculpe..mas você sabe..precisamos que mantenha esse trabalho.
-Não precisamos Sharon, eu preciso. Clever sorriu e acariciou a mão dela.
-Nós precisamos, somos amigos, o que afeta você, me afeta!
Ele sorriu e beijou carinhosamente a mão dela.
-Por que não jantou com ela? Sharon falou preocupada.
-Tomei um vinho...
-Clever...
-Não tava com fome...
-Qual o nome dela?
-Luana, falei dela mais cedo..
-A novata da Artes?
-Sim ela mesma.
Sharon esboçou um sorriso, ele a infernizara a tarde inteira falando de como genial era a garota e como seus desenhos eram bonitos e profissionais. Ele ficara ancioso a tarde inteira.
-Ela realmente é genial.. Clever soltou um longo suspiro ao falar.
-Tenha cuidado. Ela disse quase maternalmente.
-Relaxa, ela tem idade de ser minha filha, é casada e me chama de professor e senhor. Mesmo que eu me iludisse meu amor próprio não deixaria eu me humilhar tanto.
Ela riu, ele possuía um humor particularmente negro algo que já era traço de sua personalidade.
-Vou dormir. Ele levantou e beijou-lhe a testa.
-Já? Ela arregalou os olhos surpresa.
-Tô cansado, não posso?
-Claro que pode! Ela ergueu as mãos em sinal de rendição.
-Boa noite Sharon
-Durma com Deus Clever.
-Sharon, ele não gosta de mim, durma você com ele. Disse e se trancou no quarto.
Retirou do bolso o desenho, não conseguiu não sorrir, lembrou-se de Cora, do sorriso e de como era belo vê-la desenhando. Um traço de amargura invadiu seu coração,guardou o desenho carinhosamente. Realmente não iria dormir, abriu uma nova garrafa de whisky e se pôs a escrever.
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